Este blog pode ser considerado um livro online de receitas vegenas, porém, você vai encontrar também discussões sobre questões éticas e outros tipos de interferência do homem em relação aos animais, afinal, veganismo está muito além de uma dieta.
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domingo, 2 de janeiro de 2011

Ultrapassando a Dieta

Pode-se dizer que hoje em dia o veganismo está na moda e muitas pessoas tornaram-se adeptas a essa postura. Talvez isso tenha ocorrido pela maior disponibilidade de informações, pela culpa que nos impulsiona a fazer “alguma coisa” ou pela adoção de uma vida mais saudável. Os mais otimistas acreditam que o aumento dos veganos se deve a teoria de que o curso natural da humanidade seria parar de explorar os animais, assim como “paramos” de explorar outras raças ou gêneros.
Não acho que a “moda” de ser vegano seja ruim, ao menos é uma moda mais proveitosa do que a de novas roupas ou músicas. Entretanto, hoje estamos diante de um problema que atinge muitos veganos: a alienação aos fatores éticos/políticos da postura vegana. Ser vegano, nos dias de hoje, se tornou apenas não comer carne ou derivados animais, fazer comidas deliciosas e bonitinhas e dizer pelo mundo como é bom e fácil nos alimentarmos dessa forma. De fato, acredito que uma alimentação saborosa é importante para incentivar as pessoas a adotar o veganismo, pois somos muito agarrados aos nossos costumes e quando se fala de comida essa ligação é muito profunda, porém, ser vegano está muito mais além de uma simples dieta. Ser vegano exige de nós uma postura critica a muitos outros tipos de exploração e interferência que os animais não-humanos sofrem em nossas mãos.
Um exemplo típico do que estou me referindo são aquelas pessoas que não se alimentam de animais e derivados, tentam convencer as pessoas ao seu redor a adotar essa mesma postura e criticam sem piedade os que não a seguem, entretanto, compram cães de raça em petshops, utilizam produtos testados em animais e freqüentam zoológicos. Essas pessoas não percebem, ou não querem perceber, que a morte não é o único tipo de crueldade a qual os animais estão expostos.
De que adianta, pergunto eu, deixar de consumir carne se você continua tratando os animais como produtos? Comprar um cachorrinho é tratá-lo como mercadoria e apoiar um velho costume de vendê-los reforçando, assim, a idéia de que os animais são objetos de compra. Você já parou para se questionar porque compramos cachorrinhos mas não podemos comprar crianças? Sim, a resposta é óbvia. Comprar crianças seria antiético, mas então, porque comprar animais é totalmente aceitável? Querer que os outros enxerguem os animais como seres que sofrem e sentem felicidade quando nós mesmos os tratamos como produtos e os trancamos em nossas casas é, no mínimo, contraditório.
Os veganos tem que abrir os olhos para outras questões fora de seus pratos. Parar de comer carne, mas seguir os velhos costumes só fortalece toda a cultura que coloca os animas nos supermercados.
Hoje, temos inúmeros alimentos vegetais que eram tipicamente produzidos com animais: salsichas vegetais, salames vegetais, queijos vegetais etc. Mas será que nós precisamos de uma salsicha ou salame?
Consumir esse tipo de alimento reforça a idéia que somos presos à esses produtos, quando na realidade, em nada precisamos de salsichas ou alimentos vegetais que imitam a versão cruel que todos conhecem. Nós não somos presos a isso, e a dieta é só uma parte ínfima de toda a responsabilidade que é ser um vegano.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Canelone de panela



Ingredientes:

- Massa para pastel (observe os ingredientes pois algumas têm manteiga).
- 2 cebolas médias picadas.
- 4 dentes de alho picados.
- 1 tomate grande picado.
- 4 colheres de sopa de óleo.
- 1 cenoura média ralada (ralador grosso).
- 1 xícara de proteína texturizada de soja fina (eu uso a escura).
- 2 colheres de sopa de extrato de tomate.
- Salsa, sal e pimenta-do-reino a gosto.

Modo de Preparo:

Molho: Numa panela de fundo largo ou numa frigideira funda, coloque duas colheres de óleo e refogue uma cebola e dois dentes de alhos picados até dourar. Depois misture o tomate e mecha até dar uma desmanchada, acresente o extrato, o sal, a salsa e a pimenta. Coloque uma quantidade de água quente para que o molho fique bem aguadinho mesmo, deixe ferver por uns minutos e reserve.

Recheio: Pode-se usar vários tipos de recheio, mas eu preparei esses com proteína de soja e cenoura.
Numa panela pequena refogue a outra cebola e os outros dois dentes de alho junto com a cenoura. Mecha bem para não queimar.Quando a cenoura estiver macia acrescentar a proteína já hidratada e escorrida (para hidratar a proteína basta coloca-la num recipiente com água quente por 10 minutos e depois escorrer bem).
Acresencete sal, pimenta e salsa, mecha bem e desligue.

Montagem: Como esse canelone é de panela ele não pode apenas ser enrolado como o tradicional pois o recheio escaparia todo então eu faço uma 'trouxinha' com a massa. Para ficar mais claro, coloquei uma imagem bem simples a seguir:











Depois dos canelones devidamente montados, acomode um a um na panela com o molho e coloque no fogo baixo. De vez em quando, verifique se eles estão grudando no fundo da panela e vá descolando eles com uma colher ou espátula. Deixe cozinhar por 5 minutos de um lado e vire eles do outro lado e deixe por mais 5 minutos. Depois desse tempo, o molho vai estar mais grosso e os canelones cozidos.=D



OBS: Essa receita pode ser igualmente feita no forno.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Primata

Para os reacionários um forte argumento contra o veganismo é a velha história de que os nossos ancestrais evoluíram pelo consumo de proteínas animais, ou seja, carne. Uma das teorias diz que o cérebro humano se desenvolveu por conseqüência do bipedalismo (que diminuiu a alta temperatura em que o cérebro era mantido quando éramos quadrúpedes) e da ingestão de alimentos com altos níveis de energia, para fornecer a demanda que o cérebro exigia.
Os caçadores-coletores contemporâneos obtêm de 40% a 60% de sua energia de carne, leite e outros derivados animais. Em contrapartida, chimpanzés modernos obtêm 5% a 7% de suas calorias dessas fontes. Os alimentos de origem animal contêm bem mais energia do que alimentos vegetais, então fazia sentido, para o antigo homo, procurar alimentos mais energéticos para suprir o crescimento do cérebro.
Outra corrente de pensamento, nos trás a teoria de que não foram os nutrientes da carne que ajudaram o nosso cérebro a se desenvolver e sim toda a reorganização que os hominídeos sofreram para poder obte-la, como o uso de ferramentas, organização de caçadas, utilização do fogo para ingestão da carne. A tática por trás de uma emboscada a um animal teria, segundo essa teoria, necessitado de novas habilidades e meios de comunicação o que favoreceu a expansão do cérebro.
Acredito que as duas teorias sejam satisfatórias em muitos pontos e, é claro, vagas em outros. Entretanto, é evidente que para o homem atual o consumo de carne não é indispensável como foi para nossos ancestrais. Hoje obtemos proteínas nos mais variados alimentos vegetais e o consumo de carne não nos obriga a executar táticas e armadilhas, basta ir ao açougue.
 Além disso, a indústria da carne torna tudo pior: não vemos de onde a carne vem, nem os processos pelos quais ela passa até chegar ao nosso prato, tudo que enxergamos é um bonito bife que parece tão isolado e distante de um animal que muitas vezes esquecemos que fez parte de um ser vivo. E queremos esquecer. A indústria da carne faz o animal passar por dor e sofrimento desde o nascimento até o abate, parte essa que nos é escondida e apenas o que vemos é o comercial de uma perfeita família num churrasco de domingo.
Não podemos mais nos enganar, aceitando teorias que nos agradam, que nos mantem isentos da culpa e continuar com nossos hábitos porque são convenientes. É fácil dizer para nós mesmos que não conseguimos parar de consumir carne, assim não nos damos ao trabalho de abrir mão do bife de amanha, todos podem parar de comer carne, basta parar.

Luiza Hirsch